Eva Luna

Eva Luna foi o último livro lido no desafio literário de 2017. Considero que foi um fechamento com chave de outro, pois trata-se de um livro muito especial. Eva Luna é uma novela, narrada em primeira pessoa. Eva é a protagonista e narradora de sua própria história e nada mais significativo para terminar uma lista de leituras de obras escritas por mulheres.

Vamos a um breve resumo do livro. Como foi dito, Eva Luna conta sua própria história desde antes de seu nascimento (para isso recorre ao que foi contado por sua mãe) até sua vida adulta. Durante parte da infância, Eva vive com sua mãe, na cada onde ela trabalha. Porém, ainda muito jovem fica a cargo de sua madrinha, quando a mãe morre precocemente. A partir daí, diversas pessoas aparecem na vida de Eva, geralmente para ajudá-la e, no decorrer da leitura, conhecemos as histórias desses personagens também.

Aliás, Eva Luna é uma ótima contadora de histórias. Mesmo sem saber ler ou escrever, usa sua imaginação para criar personagens e tramas que entretêm aqueles que convivem com ela. Criar essas histórias também é a maneira que encontra para organizar a realidade ao seu redor e às vezes (e por que não?), fugir um pouco dela. A vida de Eva é cheia de encontros e reencontros e percebemos que as pessoas que cruzam seu caminho têm um papel importante não apenas na sua vida, mas também no contexto mais amplo no qual se passa a história do livro.

Pensar nesse contexto é algo interessante. Isabel Allende nos insere em um contexto histórico-social, mas não define um lugar. Em diversas passagens do livro, quando quer fazer alguma referência ao local, ela diz algo como: “um país da América do Sul”, ou “um lugar ao sul do Equador”. Algumas características geográficas podem nos fazer pensar que a história se passa na Venezuela, mas isso nunca é afirmado no livro e o contexto poderia se aplicar, de fato, a qualquer país da América do Sul. O pano de fundo é um país marcado por uma ditadura militar, guerrilhas, o início de uma democracia que nunca se estabiliza de fato, onde os poderosos da classe econômica dominante tomam as decisões, enfim, um lugar que poderia ser, inclusive, o Brasil.

Essa é uma característica muito interessante desse livro. Isabel Allende apresenta características de diversos países da América do Sul e oferece uma visão bastante crítica da nossa história. Temas como a violência do Estado (muito presente também A Casa dos Espíritos), a imigração, a prostituição, a pobreza, a questão da mulher e até sobre transexualidade aparecem neste livro. As histórias dos personagens se confundem com a história do país e se encontram com Eva Luna nos diversos momentos de sua vida.

Quero evitar spoilres, então não vou entrar em detalhes do livro e deixarei os comentários abertos para isso. Se você já leu Eva Luna, comente o que achou, vamos trocar ideias. Se ainda não leu, recomendo bastante e espero que volte aqui depois para me contar suas impressões.

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Com Eva Luna terminamos o desafio literário de 2017. Para ver a lista completa com os links de todas as publicações, clique AQUI. Em breve contarei como foi essa experiência para mim e também darei início às publicações do desafio literário de 2018.

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