Desafio Literário 2017: outubro – bell hooks

Já estou quase acabando de falar sobre meu desafio literário de 2017. Novamente quero recordar que, por causa da pausa que precisei dar no blog no fim do ano passado, somente agora consigo falar sobre essas leituras. Apesar de atrasada, acho necessário cumprir o desafio não só para mim mesma (que foi ler os livros, isso eu acabei em dia), mas também compartilhar aqui no blog sobre o que li. O propósito de ler apenas livros escritos por mulheres também teve a ver com incentivar outras pessoas a fazerem o mesmo, por isso, aqui estou. Então, tenham paciência, após acabar essas reflexões sobre os livros, voltarei com a programação (a) normal aqui do blog.

O livro de outubro do meu desafio literário foi Não sou eu uma mulher?, escrito por bell hooks. Como sempre, antes de falar sobre essa leitura, quero contar o motivo de ter escolhido a autora e o livro  para minha lista.

Conheci bell hooks em minhas pesquisas sobre feminismo interseccional. Em algum momento aqui no blog, falando sobre feminismo, contei que estava buscando ler mais autoras que se aproximassem dessa visão interseccional, da qual eu compartilho. Entre várias escritoras e militantes que abordam o feminismo sob esse ponto de vista, conheci bell hooks. Conheci é modo de dizer, naquele momento apenas fiquei sabendo de sua existência e guardei seu nome para procurar os livros depois. Porém, descobri que apesar de ser uma grande intelectual em seu país, Estados Unidos, e uma das maiores ativistas e pensadoras do feminismo, não havia nenhum livro seu – entre os mais de 30 publicados – traduzido para o português.

Na verdade, para mim não foi uma grande surpresa me deparar com a falta de interesse em publicar mulheres negras. Mas mesmo assim fiquei um pouco frustrada ao me dar conta do quão inacessível são seus livros para mim, que ainda não leio em inglês, e para tantas mulheres e homens que poderiam aprender imensamente com bell hooks.

De fato, a escritora é uma inspiração para todas nós. Seus trabalhos têm como tema central a compreensão e denúncia de um sistema de opressão às mulheres, sob uma perspectiva de raça, classe e gênero (feminismo interseccional). Outro tema de importância para a autora é a questão da educação. Nascida em 1952, bell hooks viveu um período de grande segregação nos Estados Unidos. É em seu cotidiano e no de sua própria família e vizinhos que ela encontra suas primeiras inspirações para escrever. É da família também que tira seu pseudônimo, bell hooks. O nome verdadeiro da escritora é Gloria Jean Watkins. Bell Hooks (com letras maiúsculas) foi o nome de sua bisavó. A escritora adotou o  nome em sua homenagem, porém decidiu utilizá-lo em letras minúsculas, não apenas para diferenciá-la, mas também porque, para ela, as letras minúsculas mostram que quem ela é não é tão importante quanto o que tem a dizer em seus livros.

Infelizmente, se você não lê em inglês é quase impossível ter algum contato com a obra de bell hooks. Algumas traduções livres de seus livros e artigos têm sido feitas e foi assim que encontrei o livro Não sou eu uma mulher?, traduzido em português e disponível em PDF. Foi essa edição que li e, apesar de não considerar a melhor das traduções, acredito que seja uma grande iniciativa para tornar mais acessível esse livro tão importante. A tradução foi feita por um coletivo chamado Plataforma Gueto e se você tiver interesse em ler, pode acessar clicando AQUI.

A escolha específica por esse livro foi, portanto, por ter sido o único que encontrei disponível em meu idioma. Mas minha esperança é de que em breve comecem a traduzir e publicar a obra de bell hooks para o português, assim como a editora Boitempo tem feito com os livros de Angela Davis. Vamos não apenas torcer para que isso aconteça, mas também solicitar às editoras que voltem um pouco suas atenções para essas intelectuais, pois suas obras são extremamente necessárias e importantes.

Na próxima publicação vou contar minhas impressões do livro e espero que vocês voltem aqui para ler.

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Para ver a lista do desafio literário de 2017 e ter acesso aos links dos textos que já foram publicados, clique AQUI.