Oi, pessoal! Com um pouquinho de atraso quero falar sobre minha leitura do mês de março, do meu desafio literário de 2017. Em março li “Dias de Abandono”, da escritora Elena Ferrante. Terminei o livro dentro do prazo, mas só agora estou com tempo para vir falar sobre ele. Porém, antes de comentar sobre o livro propriamente dito, quero falar sobre a autora. É algo que tenho feito cada mês, primeiro contar sobre a escritora e porque eu escolhi incluí-la nessa lista de desafio e depois falar sobre o livro. Então vamos ao que interessa.
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Elena Ferrante foi a autora escolhida de março, para o meu Desafio Literário: 12 livros escritos por mulheres para 2017. Como todas as escritoras presentes na lista, essa não foi uma escolha aleatória. Conheci Elena Ferrante no ano passado, quando li A Amiga Genial, o primeiro volume da sua tetralogia napolitana. Até então, não conhecia absolutamente nada sobre ela. Para ser sincera, sequer sabia que ela existia! Após ler esse livro, fiquei muito empolgada em ler outras obras e encontrei no desafio literário que estava planejando uma boa oportunidade para isso. Escolhi Dias de Abandono depois de ver muitas opiniões positivas sobre esse livro. De fato, foi uma boa escolha, mas vou falar sobre o livro na próxima publicação. Hoje quero falar um pouquinho sobre a autora.
Elena Ferrante é um pseudônimo. A pessoa que escreve todos os livros assinados por ela decidiu não promocionar a si própria e, sim, aos seus livros. Nas poucas entrevistas oferecidas geralmente por e-mail, a pessoa por trás do pseudônimo sempre reforçou que o importante são seus livros e que não tem mais nada a dizer além do que já está dito em cada uma de suas histórias, por isso, prefere manter sua identidade preservada. No ano passado (2016), um jornalista supostamente revelou a pessoa por trás de Elena Ferrante. Digo supostamente porque somente a própria pessoa poderia confirmar isso, o que, até onde sei, não aconteceu. Mas também não sei de muitas coisas sobre esse assunto, porque preferi não ler notícias em relação a esse tema e não saber a “verdadeira” identidade de Elena Ferrante. Acredito que uma decisão como essa – de não ter sua identidade revelada – deve ser respeitada e que esse “jornalista” (se é que pode ser chamado assim) não teve ética ou consideração, para dizer o mínimo.
Realmente não me importo em saber quem é a pessoa por trás do nome, porque na minha cabeça a Elena Ferrante existe como pessoa, não como pseudônimo. Inclusive, imagino toda a história de vida dela. Porém, tenho certeza de que quem escreveu Dias de Abandono e todos os outros livros sob esse pseudônimo é uma mulher. Se você já leu qualquer livro da Elena Ferrante vai entender o que estou dizendo. A forma como as histórias são contadas, os pensamentos e sentimentos narrados pelas personagens femininas, os temas abordados nos livros – tudo isso só pode ter saído da cabeça de uma mulher. Na minha opinião, quando as personagens falam de amor, traição, amizade, maternidade, falam de uma perspectiva muito feminina. Deixe seu machismo de lado, não estou falando de uma perspectiva que espera-se que corresponda a uma mulher, estou falando de mulheres reais. Mulheres que leem, por exemplo, a personagem falando sobre sua vontade de fugir porque não aguenta mais lidar com a responsabilidade de criar seus filhos praticamente sozinha e se identificam com isso! Sim, os livros da Elena Ferrante são duros assim. Ela não enfia o dedo na ferida, ela abre sua ferida com as duas mãos e te deixa ali para lidar com isso sozinha. Pelo que tenho percebido até agora, falar de maternidade é um dos assuntos preferidos da autora, ela sempre dá um jeito de desfazer a idealização da mulher como mãe. Enfim, é difícil acreditar que haja um homem por trás da construção desses personagens.
Dias de Abandono foi o terceiro livro que li dessa escritora. Há outros que quero ler, inclusive a continuidade da série napolitana. Se é uma autora que recomendo? Sim, totalmente. Mas saiba que não será uma leitura leve e feliz e, sim, uma leitura que vai te incomodar. O que não é ruim, na verdade.
Na próxima publicação voltarei com meus comentários sobre o que achei do livro Dias de Abandono, então voltem aqui depois para ver, OK? Para abril estou lendo “Mulheres, raça e classe”, da Angela Davis. Ainda dá tempo de você acompanhar a leitura, se quiser.
Me conte nos comentários se você já leu algum livro da Elena Ferrante, qual foi e o que achou. Vou gostar muito de saber sua opinião!
Ela é brasileira?
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Não! É italiana.
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