Emma

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Emma foi meu segundo livro do desafio literário de 2017.  Li com um pouco de dificuldade e devo dizer que fiquei aliviada em terminar a leitura. Fãs da Jane Austen, não me odeiem! Continuem a leitura para conhecer minhas impressões sobre o livro.

A escolha de Emma para a minha lista de livros desse ano não foi aleatória. Tinha a intenção de incluir uma escritora clássica e Jane Austen apareceu como minha primeira opção nesse sentido. Primeiro, porque o único livro que eu havia lido dela até hoje era Orgulho e Preconceito. Queria ler outra obra. Segundo, porque minha irmã é praticamente fã de carteirinha da Jane Austen, ela tem todos os livros (Emma peguei emprestado da biblioteca dela), sempre elogia as histórias da autora e isso, de certa maneira, me influenciou. Terceiro, porque todos os comentários que li sobre o livro apontavam uma protagonista diferente das demais heroínas da Jane Austen, as quais dependem de um “bom casamento” para garantir seu futuro. Segundo as críticas, Emma era a mais independente das personagens e isso chamou minha atenção.

O livro conta a história de Emma, como o título indica. Emma é uma jovem que vive com seu rico pai em um povoado. Sua casa é um centro de encontro dos amigos aristocráticos e a jovem é o centro das atenções. Todos a admiram por sua beleza, mas também por ser inteligente e uma ótima anfitriã. Emma não pensa em se casar. Segundo ela mesma, não há necessidade alguma disso, já que ela seria herdeira dos bens de seu pai, ou seja, não precisa de um casamento para ter uma estabilidade econômica no futuro. Porém, isso não significa que ela é uma mulher à frente de seu tempo. Representando bem o pensamento da sociedade daquela época, Emma classifica as pessoas em níveis do que ela julga aceitável, respeitoso, vulgar, odioso e acredita que o casamento pode ser, sim, uma salvação para determinadas mulheres. Ela tanto pensa dessa maneira que atribui a si mesma o papel de “cupido”, ou casamenteira, manipulando situações e pessoas a fim de juntar casais no que ela considera um bom arranjo. Vocês podem imaginar que isso talvez não dê muito certo, mas vou me restringir a esse breve resumo, para incentivar vocês a lerem e ver como continua a história.

“Mas Sarah, você começou o texto falando que não tinha gostado muito do livro, então por que eu deveria perder meu tempo?”. Primeiro, porque o fato de eu não ter gostado muito não significa que outras pessoas não possam gostar. Sem dar uma chance à leitura, você nunca vai saber se gostou ou não. Em segundo lugar, é preciso dar ao livro os créditos que ele merece. Um clássico não se torna um clássico à toa e o nosso gosto pessoal não muda o fato de que esses clássicos são bons livros e têm algo importante a dizer.

Jane Austen é mais que uma escritora que criou historinhas de amor, ela nos oferece em seus livros uma visão superinteressante da sociedade de sua época. O sociólogo Howard Becker, em seu livro Falando da Sociedade: ensaios sobre as diferentes maneiras de representar o social, apresenta um estudo da obra Orgulho e Preconceito, afirmando que Jane Austen faz nesse livro uma verdadeira análise das relações de acasalamento e casamento na aristocracia do interior da Inglaterra no século XIX. Ele chega mesmo a dizer que poderíamos considerar Orgulho e Preconceito como uma etnografia daquela situação local. Ou seja, Jane Austen oferece uma visão tão detalhada e apurada de seu contexto que seus livros podem e devem ser vistos como um modo de representação da realidade social.

Em Emma também podemos observar essas características. Além da questão do casamento, das conveniências sociais, também vemos a autora abordar a questão da educação (especialmente das mulheres) em alguns momentos. Também conhecemos com detalhes alguns costumes da época. Tudo isso é muito interessante e não deve ser ignorado.

O fato de eu não ter gostado tanto do livro foi simplesmente uma questão de preferências literárias mesmo. A autora utiliza capítulos e mais capítulos para narrar situações e até pensamentos da própria Emma com tantos detalhes que, para mim, tornou a leitura muito cansativa. Em determinados momentos eu apenas queria que ela fosse direto ao assunto, mas, como falei, essa é uma questão de preferência literária. Além disso, não me simpatizei nenhum pouco com Emma. Minha impressão sobre ela foi de uma garota egoísta, mimada e manipuladora e, por isso, não consegui criar nenhum tipo de afinidade com a personagem.

Resumindo: de maneira geral, visto dentro de um contexto social e literário, é um livro incrível. De maneira específica, considerando minhas preferências, não foi um livro que me empolgou. Mas espero que vocês leiam e tirem suas próprias conclusões. Recomendo também que procurem análises dos livros de Jane Austen, que podem oferecer pontos de vista muito interessantes sobre a autora e suas obras.

O livro do mês de março do meu desafio literário é Dias de Abandono, da Elena Ferrante. Se vocês querem acompanhar a leitura, dá tempo. Se quiserem ver a lista completa do meu desafio de leitura de 2017, cliquem aqui.

Até mais ler!

4 comentários em “Emma

  1. Ahhh, estou ansiosa pela análise de março (amei o desafio, to sempre lendo aqui haha)
    Comecei a ler A filha perdida, da Elena Ferrante, quem sabe conseguimos trocar alguma figurinha sobre ela. To curiosa pra saber porque falam tanto dela.

    =)

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    1. Oi, Carol! Que bom saber que você tá sempre aqui, rs, também sempre leio as coisas que vc escreve, gosto muito! Que legal que você tá lendo a Elena Ferrante, eu acabei de ler A Filha Perdida, quero escrever alguma coisa sobre ele, vamos trocar figurinha, sim! particularmente, to adorando tudo que tô lendo dela, rs, então não sei se vou ser muito parcial, mas tudo bem, rs.
      Bjo!

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