Acho que uma das grandes dificuldades para um falante de português (pelo menos do português brasileiro) que quer aprender espanhol é a fonética de algumas palavras. O mesmo acontece para um falante de espanhol que quer aprender português, ele se complica com a quantidade de sons propiciada pelos acentos que temos em nosso idioma.
Por exemplo, esse anasalado de “não”, “mãe” parece às vezes ser inaudível para o falante de espanhol. Eu digo para os meus alunos: “coração”, eles repetem: “coraçáo”. Eu repito: “coração, pelo nariz”, eles concordam sorridentes e dizem: “coraçáo”. E para explicar a diferença entre “avô” e “avó”? Eles não veem o menor sentido, porque, aos seus ouvidos, é a mesma palavra.
Mas não é só com eles que essa pequena confusão acontece. Outro dia, por exemplo, entrei em uma longa discussão com meu namorado por causa da palavra “terco”, que em português significa teimoso. Quem me ensinou a palavra “terco” foi o namorado, mal sabendo que eu a usaria contra ele o tempo todo, já que ele é um grande teimosão (ou teimosáo?). Mas o que entendi da pronúncia dele foi “têrco”, ou seja, como se houvesse um acento circunflexo na letra E. Tempos depois, assistindo televisão, ouço a apresentadora do programa falar a palavra “terco” como se houvesse um acento agudo na letra E, ou seja, a pronúncia era “térco”. No contexto significava teimoso mesmo, mas, por via das dúvidas, perguntei para o Cristian o que era “térco” e o diálogo foi mais ou menos assim:
– Ué, “térco” é teimoso. – ele disse.
– Mas teimoso não é “têrco”? – eu perguntei.
– Então.
– Então o que?
– “Térco”.
– Mas você não tinha falado que era “têrco”?
– Sarah, você está falando a mesma palavra.
– Não é a mesma palavra, tem uma diferença aí, “têrco” e “térco”.
– Então, “térco”.
Nesse ponto eu desisti. Percebam, a palavra sequer tem acento, simplesmente na forma como ela é dita no espanhol, “térco” e “têrco” seriam a mesma coisa.
Para nós, brasileiros e falantes da língua portuguesa o acento faz toda a diferença. É por isso que tomamos uma “água de coco”, não de “cocô”. Mas, rapaz, que grande confusão dá na cabeça na hora de falar espanhol!
Mas é por essas e outras que amo a riqueza dos idiomas. Cada detalhe é impresionante e encantador.
Li seu texto no trabalho, isso é, na hora do almoço, claro, e comentei com meus colegas sobre seus exemplos. Eles ficaram discutindo sobre “como não entendem a diferença entre ‘avô’ e ‘avó’?” Então os pedi para me explicarem a diferença fonética entre “men” e “man” do inglês e nenhum sequer conseguiu. Depois fomos bestas e rimos por horas sobre a água de coco… bem, não necessariamente pelo coco, O.o.
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hahahahahha… muito bom livita, eu nunca tinha pensado nesse “men” e “man”, mas pra mim realmente é a mesma coisa. imagino que um falante de inglês também iria rir um pouco da gente por causa disso, por não percebermos a diferença.
hahahaha… coco sempre sem acento! 😉
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Demorei 5 minutos nessa discussão para entender qual era a diferença nas palavras que estava escutando… Rsrs, em espanhol não tem esses abertos e fechados.
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Sarah muito bom!!! Me pasa lo mismo que dices, nunca pude he podido captar la diferencia entre “avô” y “avó” para mi suenan exactamente igual, una vez Caro me lo repitió como 10 veces y nada. Creo que es una carencia en alguna parte del cerebro jejejeje, seguro que eso se forma en edades tempranas, habría que ver si hay algún estudio serio sobre el tema.
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hahahahahahahahahahahaha… Daryel, yo creo que sí, debe haber alguna cosa así, que uno nunca aprendió el fonema y por eso el mismo está como que bloqueado en el cerebro. por primera vez comentas aquí, que chevere. =)
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