Numa bela manhã ensolarada de sábado, uma jovem mulher e seu namorado assistiam TV na sala quando, de repente, ouviram latidos incansáveis de uma das cachorrinhas que vive na mesma casa. Ela tem o costume de latir para qualquer pessoa ou animal que se aproxime do portão, então o casal pensou que ela apenas estava sendo “cansona”, para utilizar uma expressão muito usada naquela terra longínqua. Após chamar a atenção da cachorrinha sem obter sucesso, o homem se levantou para ver o que acontecia do lado de fora. Poderia ser uma pessoa chamando. Ao se levantar, se deparou com a seguinte cena:
Chamou, então, a mulher para ver do que se tratava e ela, assustada e empolgada ao mesmo tempo, ficou se perguntando como aquele animal havia chegado ali. O animal, no caso, é uma iguana. Segundo transeuntes que passavam no momento, um macho. Ele estava parado com essa cara de quem está pensando no que fazer, mas ainda não sabe, um meio sorriso no rosto, talvez pela adrenalina proporcionada pela aventura que estava vivendo. O que o Sr. Iguana pensava naquele momento era o seguinte:
“Oh, céus, como eu vim parar aqui? Acho que não sou mais o jovenzinho de antigamente, minha memória não está boa, tenho me perdido com muita facilidade… Nossa! Que ser exótico é esse fazendo esse barulho estranho pra mim! Cheio de pelos e esse rabo abanando. Será que ele é saboroso? Acho que posso ir ali experimentar. Mas ele tem a aparência de bravo… Ah! Ele estava chamando esses dois gigantes. Melhor não me arriscar, porque os dois gigantes parecem inofensivos, não têm rabo nem dentes afiados, mas são gigantes, né? Como eu faço pra sair daqui desapercebido? Deveria ter trazido um mapa…”
Sim, ele pensava isso tudo. Achava que, ficando parado, estaria sendo um pouco mais discreto. O fato é que os dois gigantes, quer dizer, o casal, não sabia a aventura que o sr. Iguana tinha passado até agora. Ele morava ali perto e, de vez em quando, dava uns passeios na vizinhança. Subia em árvores, comia alguma coisa, visitava senhores e senhoras iguanas em outros lugares que só ele sabe onde é, enfim, levava sua vida normal de iguana. Mas, naquele dia, pegou um caminho que não estava acostumado e se perdeu. Ele não estava muito preocupado, sabia que em algum momento encontraria o caminho, pois estava pelas redondezas. Estava até meio feliz, pois fazia tempo que não sentia essa dose de emoção, já que vivia preso à rotina do dia a dia.
Tudo estava bem até a cachorrinha começar a latir. O sr. Iguana começou a se incomodar com o suspense dos gigantes olhando para ele, porque não sabia que os gigantes também não tinham ideia do que fazer, então, para ele, esse suspense poderia ser um momento de paz antes de um ataque. Foi então que um senhor que estava por ali, resolveu ajudá-lo e o tocou com a ponta do pé. O sr. Iguana, pensando que, enfim, algo de ruim fosse acontecer, saiu correndo muito rápido. O casal o viu indo para uma pracinha, cheia de árvores onde, aparentemente, é a casa dele.
Horas depois, no fim da tarde, o gigante homem avistou o sr. Iguana na seguinte situação:
Ele estava no topo de uma árvore, olhando para o horizonte, pensando na vida, tranquilo, após um dia agitado. Naquele momento o sr. Iguana pensava: “Acho que vou ficar quieto por aqui por uns dias, só para repor as energias após esse susto. Tão bom ficar aqui no alto, longe de seres estranhos! Acho que vou dormir um pouquinho!”. E dormiu, enquanto via o pôr-do-sol.